Emiliano Augusto Cavalcanti Albuquerque e Melo, afamado, Di
Cavalcanti. Desde a mais tenra idade, esteve envolvido em meio a um poço de
cultura, sua família prezava por seus estudos, e além disso, se preocupava com
o seu conhecimento cultural, influenciando-o, desde cedo, à ouvir músicas
clássicas, apreciar arte e ler muito. No começo de sua carreira foi muito
famoso por ilustrar revistas, livros e cartazes, logo em seguida, Di Cavalcanti
foi tomando consciência sobre o contexto em que se inseria e o rumo em que a
arte, respaldada por conceitos elitistas, se encontrava.
A característica peculiar de Di Cavalcanti era que ele
pintava o Brasil, com cores vivas e bastante luminosidade, representava a
sensualidade brasileira e suas tradições, o período da “belle époque” passou
despercebido à suas obras, ele fez viagens que influenciaram a sua arte, mas o
assunto continuava a ser o mesmo, ele compunha imagens que retratavam as
singularidades brasileiras, pintava as variedades de frutas, festas,
pescadores, paisagens, momentos do cotidiano de um brasileiro, as tão amadas
mulatas e um dos temas mais queridos pelo pintor, era o carnaval.
Em suas viagens para
Europa, teve contato com Picasso, Braque e a arte de vanguarda, cubismo e
expressionismo, e essas foram as novas formas que tomaram sua obra, Di
Cavalcanti estava colocando a arte brasileira em sintonia com o mundo, surgiram
mais cores, mais formas e cada vez mais foi acurando seu estilo sem perder a
essência.
Di Cavalcanti teve
participação crucial no que concerne a “Semana da Arte Moderna” de 1922, ele
foi um dos idealizadores do evento, junto a nomes como Mário de Andrade e
Villa-Lobos. Justamente pelo contato com a vanguarda e a preocupação com a
direção em que o tradicionalismo estava levando a arte é que foi pensada a
semana de 22, uma semana que de início foi um grito no abismo, mas que
posteriormente, teve sucesso inegável e que a grandeza e tamanha imparidade
ecoa até os dias de hoje...
Ao lado de artistas
como Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti representa o Brasil
mundo a fora, e suas milhares de obras espalhadas pelos quatro cantos, são
leiloadas a preços relevantíssimos. Ao deixar essa vida em 1976, o pintor não
deixou somente obras, mas, um exemplo de que a arte pode ser reinventada, assim
como nós.
Através desse panorama, pensando na arte no período atual,
podemos refletir em cima disso, e relembrar que os períodos da história da arte sempre tiveram o início o seu apogeu e o declínio, e que se hoje boa parte da arte, resume-se
ao utilitarismo e ao consumo, conseguimos enxergar que é uma de suas fases, e
que talvez, precise de uma turminha como essa dos modernistas brasileiros, para
recompô-la, voltar ao seus valores e buscar a sua verdadeira finalidade.