terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Di Cavalcanti (1897-1976)

   Emiliano Augusto Cavalcanti Albuquerque e Melo, afamado, Di Cavalcanti. Desde a mais tenra idade, esteve envolvido em meio a um poço de cultura, sua família prezava por seus estudos, e além disso, se preocupava com o seu conhecimento cultural, influenciando-o, desde cedo, à ouvir músicas clássicas, apreciar arte e ler muito. No começo de sua carreira foi muito famoso por ilustrar revistas, livros e cartazes, logo em seguida, Di Cavalcanti foi tomando consciência sobre o contexto em que se inseria e o rumo em que a arte, respaldada por conceitos elitistas, se encontrava.

  A característica peculiar de Di Cavalcanti era que ele pintava o Brasil, com cores vivas e bastante luminosidade, representava a sensualidade brasileira e suas tradições, o período da “belle époque” passou despercebido à suas obras, ele fez viagens que influenciaram a sua arte, mas o assunto continuava a ser o mesmo, ele compunha imagens que retratavam as singularidades brasileiras, pintava as variedades de frutas, festas, pescadores, paisagens, momentos do cotidiano de um brasileiro, as tão amadas mulatas e um dos temas mais queridos pelo pintor, era o carnaval.

   Em suas viagens para Europa, teve contato com Picasso, Braque e a arte de vanguarda, cubismo e expressionismo, e essas foram as novas formas que tomaram sua obra, Di Cavalcanti estava colocando a arte brasileira em sintonia com o mundo, surgiram mais cores, mais formas e cada vez mais foi acurando seu estilo sem perder a essência.

  Di Cavalcanti teve participação crucial no que concerne a “Semana da Arte Moderna” de 1922, ele foi um dos idealizadores do evento, junto a nomes como Mário de Andrade e Villa-Lobos. Justamente pelo contato com a vanguarda e a preocupação com a direção em que o tradicionalismo estava levando a arte é que foi pensada a semana de 22, uma semana que de início foi um grito no abismo, mas que posteriormente, teve sucesso inegável e que a grandeza e tamanha imparidade ecoa até os dias de hoje...

   Ao lado de artistas como Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti representa o Brasil mundo a fora, e suas milhares de obras espalhadas pelos quatro cantos, são leiloadas a preços relevantíssimos. Ao deixar essa vida em 1976, o pintor não deixou somente obras, mas, um exemplo de que a arte pode ser reinventada, assim como nós.

  Através desse panorama, pensando na arte no período atual, podemos refletir em cima disso, e relembrar que os períodos da história da arte sempre tiveram o início o seu apogeu e o declínio, e que se hoje boa parte da arte, resume-se ao utilitarismo e ao consumo, conseguimos enxergar que é uma de suas fases, e que talvez, precise de uma turminha como essa dos modernistas brasileiros, para recompô-la, voltar ao seus valores e buscar a sua verdadeira finalidade.

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