domingo, 29 de novembro de 2015

Vernissage e Exposição.



De acordo com  Carmem Zitta, pesquisadora na área de organização de eventos, Vernissage "é um evento demonstrativo, caracteriza-se pelo lançamento  - primeiro dia de uma exposição, geralmente de objetos artísticos (pinturas, esculturas...). Pode ser individual (apenas um artista expositor) ou coletiva (mais de um expositor).".

Ou seja, é uma prévia de uma exposição formal. Ao que tudo indica, o termo refere-se a uma tradição iniciada por Turner, pintor romântico absurdamente incrível, que no dia de envernizamento (daí vem o termo, "vernissage") fazia algumas mudanças significantes em suas obras, criando assim, uma tradição de celebrar essa finalização com amigos e "os mais chegados".

"O grupo de patronos e a elite visitavam a Academia durante o dia de envernizamento se antecipando a abertura formal da mostra, criando, dessa forma, a tradição de celebrar a finalização de uma obra de arte ou uma série delas com amigos e colaboradores." (trecho retirado do site supracitado).

A diferença existente entre vernissage e exposição é a duração, o público e o objetivo. Enquanto a exposição pode durar meses, o vernissage é mais curto. O público do vernissage é selecionado a dedo, são pessoas mais chegadas, conhecidas, e, o objetivo deste é a divulgação e, em alguns casos, a venda de obras. Os dois eventos possuem a mostra das obras, porém, o objetivo em si é diferente. O vernissage, por vezes, possui um coquetel especial para os convidados, já a exposição é aberta ao público e, em geral, não possui esse costume. Em conclusão, podemos afirmar que o vernissage é a abertura de uma exposição.

Colocando em pauta o vernissage realizado pelo terceiro ano de Artes Visuais, gostaria de fazer um comentário: Não cheguei a conversar com alguém a respeito, mas penso que o vernissage deles, neste último ano, significou muito mais que um vernissage. Pois é a abertura para todas as outras exposições que eles farão um dia!!! Saindo da faculdade com esse vernissagem, fechando com chave de ouro, é um passo para valorização deles mesmos como artistas e estudantes de arte. Eu amei a ideia!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Adolescência e identidade: fragilidade.

·         Analise a música abaixo a partir do artigo científico "Entre sofrimento e violência: a produção social da adolescência" de Jacqueline Barus-Michel (2005). Música: Não vou me adaptar (Nando Reis e Arnaldo Antunes).

A adolescência é um período de inúmeras mudanças biológicas, psicológicas, que influenciam na maneira de pensar e, consequentemente, de agir do indivíduo.  O adolescente encontra-se num período delicado, cheio de incertezas, buscas e desencontros. Fragilizado este segue, então, em busca de respostas para suas infinitas perguntas, e uma delas diz respeito ao seu eu: sua identidade. Um dos pontos marcantes tocados pela autora do artigo sobre a adolescência, dentro do aspecto psicanalítico, é o desenvolvimento do sentimento de identidade, a capacidade de reconhecer-se como si. De acordo com Barus-Michel, o contexto (social, econômico, cultural) influi diretamente nessa construção da identidade, ele é inerente e indissociável.
Fazendo uma análise da música “Não vou me adaptar” de Nando Reis e Arnaldo Antunes a partir do artigo "Entre sofrimento e violência: a produção social da adolescência" de Jacqueline Barus-Michel percebemos que a música faz uma referência direta à adolescência, mas é claro que a mesma pode ser passível de outras interpretações. Porém, dentro deste contexto, quando Nando e Arnaldo cantam os seguintes versos “Eu não vou me adaptar, me adaptar (2x) / Eu não tenho mais a cara que eu tinha / No espelho essa cara já não é minha.”, podemos inferir que concerne a esse momento de incerteza que fora supracitado.

De acordo com a autora do artigo:

A identidade é a construção contínua de uma representação de si por meio da qual se faz reconhecer. O reconhecimento dos outros, seu olhar, sua escuta, o lugar que designam ao jovem, confirmam a auto representação.

Diante do exposto, concluímos que para a construção da identidade do adolescente ser arquitetada, é necessário que haja um “olhar de fora”. O adolescente precisa estar ciente de sua representação na visão alheia, para confirmar a representação que ele possui, e vai adquirindo, de si mesmo. Levando em consideração as transformações, externas e internas, à que este indivíduo está sujeito, torna-se procedente a denominada crise de identidade. Onde o ego, ou seja, o “eu”, carece de figuras amadas e amantes, como modelos, para construção do mesmo, como cita Barus-Michel (2005).

Em “Mas é que quando eu me toquei, achei tão estranho / A minha barba estava desse tamanho.”, visualizamos um exemplo de transformação do fenótipo, que é relativo aos aspectos externos concatenado ao quesito biológico, expressa nos versos. Este sujeito já não se reconhece mais:

A situação da adolescência provoca uma fragilização identitária. A imagem do corpo [..] é teatro de mudanças incontroláveis, de modo que o sujeito vive suas próprias pulsões como desordenadas. Barus-Michel (2005)


Digamos que este ser, com as barbas já crescidas, não é o mesmo garotinho que fazia muitas perguntas e se contentava com alguma jocosidade, ou mentirinhas contadas pelos pais, como resposta. Ele quer, aliás, ele necessita de respostas dignas de dar valor ao ser, agora ciente de si e de suas incessantes modificações, internas e externas, que ele é e está se tornando.