sexta-feira, 2 de setembro de 2016

MÚSICA E TRAGÉDIA: EXPERIÊNCIA PARA ENCENAÇÃO DE TRAGÉDIA - Mennan Bërveniku

O palestrante Mennan Bërveniku, estrangeiro, oriundo de Kosovo, veio até a Unicesumar para fazer uma palestra sobre o gênero “Tragédia” e, também, sobre o papel da música na ópera. Quem fez a apresentação do palestrante foi o professor da instituição, Tiago Lucena, ele também fez a tradução da palestra, junto com a professora, Flor Duarte. Mennan começou tocando um trecho de uma ópera no piano, encantando a todos, logo de início. Depois ele nos convidou a sentar no palco, em círculo, para que tornássemos aquele momento mais intimista e, também, para podermos ver o que ele iria passar no telão bem de perto. Ele buscou criar uma roda de conversa e, de fato, foi o que aconteceu.
Mennan colocou para tocar a música que ele havia tocado no início da palestra, para sentirmos a diferença de uma música tocada ao vivo, com uma orquestra inteira, e de uma música reproduzida em caixas de som. Ele sinalizou que nas óperas o papel da orquestra é muito importante para a dramatização e disse que as músicas de introdução das óperas contam uma história, dando indícios do que será apresentado, posteriormente, na ópera. A parceria entre música e tragédia é localizada nesse contexto.
Para abordar alguns aspectos do gênero tragédia, Mennan mencionou a peça teatral Macbeth, escrita por Shakespeare. Foi esse grandioso texto que ele trabalhou durante toda a palestra. Vimos vídeos de encenações de diferentes décadas, discutimos sobre os aspectos visuais da ópera, como a iluminação, figurino e elementos cênicos, fazendo uma correlação com as artes visuais.
Enquanto Mennan passava os trechos da ópera, ele ia pausando para fazer seus apontamentos sobre o tema que estava trabalhando e, também, contava mais sobre a história de Macbeth. Mennan fez uma análise dos personagens da tragédia, evidenciando o papel crucial que a Lady Macbeth possui na peça, ela induzira o Lord Macbeth a cometer todos os atos maléficos, na intenção de ser tornar rainha. O palestrante sempre nos atentava para a música na tragédia, de como ela tinha um papel importante para tornar tudo mais dramático e intenso.
Os dois professores presentes, Flor Duarte e Tiago Lucena, cada um em sua vertente de estudo, contribuíram para a discussão de alguns apontamentos feitos pelo palestrante. Flor Duarte, professora de história da arte, abordou temas das artes visuais, como: composição de cenário, cores, influências artísticas e, também, sobre a ópera no contexto contemporâneo brasileiro, Mennan falou sobre a ópera contemporânea do exterior. Enquanto Tiago Lucena, professor de arte e tecnologia, abordou temas, como: elementos digitais na ópera, contribuição da tecnologia e alguns aspectos visuais. Foi muito enriquecedor todo o diálogo, pois, eles puderam trazer mais coisas sobre o assunto que Mennan estava trabalhando, fazendo uma espécie de debate interdisciplinar.
A palestra inteira foi traduzida pelos dois professores presentes, pois, Mennan falou em inglês o tempo todo e nem todos compreendiam. Foi bem dinâmica a tradução, entretanto, perdemos um tempo nesse movimento de traduzir tudo do inglês para o português, se não fosse assim, daria tempo de explorar mais aspectos do que Mennan estava abordando. Com absoluta certeza, essa foi a palestra mais interessante de todas as que participamos na semana acadêmica 2016.
Palavras-chave: Música. Tragédia. Ópera.                   

Metodologia pedagógica utilizada pelo palestrante: O palestrante realizou a sua palestra pautado na exposição de conteúdos e na construção de hipóteses, juntamente com os professores convidados.

Recursos utilizados: O palestrante utilizou materiais audiovisuais, livros, instrumento musical e também o seu aparelho celular para realização de sua palestra.


Com base no conteúdo abordado na palestra, em sala de aula, poderia ser realizado um trabalho sobre ópera. Uma manifestação artística que se encontra tão afastada de nossas escolas, poderia ser trabalhada a partir de peças de teatros, que já são mais conhecidas entre os alunos. Com tantos assuntos que foram tratados na palestra, poderíamos pensar em diversas atividades relacionadas com teatro, música, tragédia, ópera ou até mesmo uma interdisciplinaridade entre os assuntos, a partir de pesquisas e atividades práticas. Na aplicação que propomos, escolhemos a ópera por ser algo menos conhecido e que pode desencadear inúmeras reflexões acerca de outros elementos artísticos, como: figurino, atuação, elementos cênicos, iluminação.
Pensando em uma atividade para trabalhar este conteúdo, poderia ser feito com os alunos uma pesquisa sobre os elementos que compõe a ópera, suas funções e variações em determinadas épocas. Além de proporcionar o contato com uma vertente alternativa da linguagem artística, embasados em pesquisas, o alunos compreenderiam melhor como se constitui uma ópera e, quem sabe, também, despertaria a curiosidade, suscitando o interesse por tornar a ópera parte de estudos pessoais, por terem gostado do tema a partir do contato através do conteúdo sistematizado.

COMPOSIÇÃO NAS ARTES VISUAIS: TÉCNICA E ANÁLISE - Caio Pierangeli

No segundo dia de Semana Acadêmica, Caio Pierangeli, professor da instituição, realizou a oficina sobre “Composição nas artes visuais: técnica e análise”. Foi uma oficina marcadamente teórica, fundamentada em autores muito importantes para a área de artes visuais. Caio começou a oficina falando um pouco sobre seus estudos e fazendo algumas indagações, como: O que é compor? O que é arte? Porque fazemos arte? Ao longo da oficina, fomos tentando responder essas questões, baseados nas discussões que Caio propunha, chegando a uma conclusão interessante: Podem ser questões  facilmente respondidas por uns e sem respostas para outros, porém, o importante é o processo que nos leva a refletir e tentar responder essas questões.
Assim como na arte, o processo criativo pode ser mais importante do que a linguagem. A linguagem é o meio, o processo é que faz a diferença. Para continuar as reflexões, o professor voltou a “Gênese da fala” (40.000 a.C), a partir do ouvir, começamos a nos comunicar pela fala ou simples fonemas, onde iniciou-se o processo de sapiência, quando começamos a criar coisas. Inicialmente, falando sobre as artes rupestres, Caio compartilhou conosco que as pinturas foram as primeiras manifestações; secundariamente vieram os tótens. Com os tótens, começou a aparecer uma questão para além da simples representação, o simbolismo, a religiosidade. A partir dos tótens, então, começou-se a criar coisas com uma finalidade.
Até a Grécia, a representação ou controle e manifestação da natureza eram os objetivos de criar. Na Grécia, formaliza-se a questão da arte, estética, belo. Isso pensando em uma visão eurocentrista.  O homem era representado em sua perfeição. Foi neste período que a proporção áurea começou a ser moldada e utilizada, ela imita a natureza em suas proporções naturalmente perfeitas. O enquadramento, a sequência de Fibonacci, foi outro elemento surgido neste período, com a definição de quadrantes que tanto usamos ainda hoje. O professor apresentou fotos de Cartier Bresson, propondo uma análise dos elementos, para exercitarmos nosso olhar.
A regra dos três terços, baseada em proporções matemáticas, também foi muito utilizada pelos gregos, na Antiguidade, e perdurou durante quase toda a história da arte, foi muito utilizada, principalmente, na Renascença, período que marcava uma volta aos gregos. Caio citou como exemplo Rafael e Da Vinci, apresentando obras desses dois grandes artistas para fazermos análises e ver como todos esses elementos estavam presentes nas obras. Foi muito enriquecedor esse processo de constantemente sair da teoria e ir para a prática de análises, nesses momentos pudemos utilizar as técnicas como instrumento de análise.
Fazendo uma distinção entre valor estético e valor simbólico, o oficineiro citou a obra “O banquete” de Platão, apresentando os sete princípios do belo (estética), pautados em questões físicas, metafísicas e transcendentes, ressaltando o princípio 7, em que Platão discorre sobre o apogeu estético, que seria “Contemplar o belo em si”; a apreciação, fruição e deleite das obras de arte. Os próprio museus, nos dias de hoje, são considerados por alguns como instalação artística, ambiente para apreciação de obras. Até o século XIX, o discurso da arte era puramente figurativo, após este período, além da questão da dualidade, onde existe o significado e o significante, começaram a surgir questões relacionadas a arbitrariedade, onde existe o signo, objeto e interpretante, e o interpretante é quem dá significação ao objeto, cada um vê algo.
Para se aprofundar no tema sobre significação, tão importante para a área de arte, Caio trouxe em imagem a obra de Magritte “Ceci n’est pas une pipe”, fazendo uma análise da representação do cachimbo. Qual a realidade que se quer mostrar? O que é representação e o que é real? Foi absolutamente genial este paralelo com a obra, trouxe materialidade ao conteúdo colocado em pauta. Finalizando o assunto, o professor apresentou a significação com base em Peirce: “Tudo aquilo que percebemos do mundo passa pelos nossos sentidos.” e, também, comentou sobre “A obra aberta”, livro de Umberto Eco que fala sobre o conceito da recepção da obra de arte como uma obra aberta ao público para significação individual.
Pensando na textura, enquanto elemento artístico, Caio enunciou que existe a textura a-métrica e a métrica, que influi diretamente no “Gestual”, que são os gestos; nas artes visuais, as pinceladas, que dão movimento às obras, são consideradas gestos. Como exemplo de gesto nas artes visuais, o oficineiro citou Pollock, que possui uma saturação gestual intensa em sua pintura. A textura influencia no resultado da obra de arte, assim como a escolha de materiais, as cores, a figuratividade ou arbitrariedade; todos são elementos que compõe a obra final.
Para finalizar a oficina sobre composição, Caio propôs um exercício de análise de obras. Eram apenas pequenos recortes de obras, nós tínhamos que identificar os elementos de composição, verificando se eram obras de arte ou de criança. Em geral, fomos muito bem, isso demonstrou que o conteúdo foi muito bem internalizado. Caio também nos indicou um site www.wikiart.org, é como um google das artes visuais, super completo e com reproduções de obras em alta qualidade, excelente para utilizar em aulas de arte.
Palavras-chave: Composição. Artes Visuais. Significado e Arbritrariedade.

Metodologia  pedagógica utilizada pelo palestrante/oficineiro: A metolodogia utilizada pelo oficineiro foi exposição de conteúdo em apresentação de slides e diálogo. Durante toda a palestra ele também recorreu ao diálogo teórico prático, expondo técnicas, problematizando e fazendo análises de imagens.

Recursos utilizados: O oficineiro utilizou a apresentação de slides como recurso principal, mas também fez alguns apontamentos no quadro negro e trouxe objetos que tinham relação com obras para enriquecer as discussões.

Em sala de aula, em uma aula de arte, o conteúdo da palestra poderia ser aplicado em atividades de leituras de imagens. Além de pensar os elementos da composição visual, a leitura de imagens colabora para a construção do olhar do aluno. Todo este conhecimento que foi compartilhado conosco, além de contribuir para futuras elaborações de aulas de arte, é fundamental para a nossa própria vida, pois, a composição é um elemento intrinsecamente ligado às artes visuais e, também, implica diretamente em nossa própria construção de olhar, visto que somos profissionais da área de artes visuais.

NOVE FORMAS DE PERCEBER O MUNDO E NOVE FORMAS DE REAGIR A ELE Ailton Bastos – Psicanalista Clínico

Ailton Bastos, palestrante convidado da noite, veio para abrir nossa semana acadêmica com um assunto muito interessante: “9 formas de perceber o mundo e 9 formas de reagir a ele”. O título da palestra tem relação com as teorias da personalidade, que são 9 modos perceber o mundo e reagir a ele, dentro de um teoria, onde somos a soma de fatos e afetos. O palestrante iniciou seu discurso, dizendo que nós vivemos num espécia de amnésia infantil, tudo é guardado mas, por proteção, não temos acesso o tempo todo a essas memórias, elas residem no inconsciente, nós não podemos ser reféns do inconsciente, mas podemos buscar no conhecer e nos perceber, sendo protagonistas de nossas próprias vidas.
De acordo com os apontamentos de Bastos, somos sujeitos históricos absolutamente diferentes, percebemos o mundo de modos diferentes, mas exite uma tipologia, dentro das teorias da personalidade, determinada pelo chamado eneagrama, que apresenta características da maneira de sermos, de nos apresentar e de nos mostrar. Inevitalvelmente, todos se encaixarão em um dos tipos. Lembrando que esses tipos podem se desenvolver, mas não mudam. Existem nove tipos de personalidade:
Tipo 1: pessoa que preza pela organização, seu vício é a raiva. Amadurecido pode ser alguém muito colaborador nas atividades em grupo; Tipo 2: Pessoa sempre preocupada com o outro, que se importa com relacionamentos, seu vício é o orgulho; Tipo 3: Sua maior preocupação é o sucesso, seu vício é a vaidade; Tipo 4: Pessoa que lê o mundo através dos seus sentimentos, seu vício é a percepção de algo que lhe falta; Tipo 5: É um observador, preza pelo conhecimento, seu vício é a avareza das ideias; Tipo 6: Um sujeito que zela pela segurança, é desconfiado e seu vício é o medo e a insegurança; Tipo 7: Aquele que vive pelo prazer, seu vício é a gula por sensações, ele foge da dor; Tipo 8: Extremamente intimidador, o tipo 8 é um indivíduo que aprecia o poder e não suporta moleza, seu vício é a luxúria. Tipo 9: sujeito devagar, anda arrastando, seu vício é a preguiça, possui resistência frente a mudanças.
Cada um de nós é a soma das crenças, conceitos, ideias, vivências e memórias. Não devemos viver uma vida tentando mudar as pessoas, precisamos respeitar as diferenças, ajudando as pessoas a encontrarem o melhor em si mesmo. No que eu posso colaborar para que o outro seja mais feliz, se desenvolva mais, para que ela não precise ser igual a mim ou a um “modelo”, apenas ser o melhor do que pode se pode ser, sem se desviar de sua personalidade, pois, isso pode implicar na perca de reconhecimento sobre si mesmo. O eneagrama não é uma condenação, dentro de cada perfil, podemos ser saudáveis ou doentios. Existem outras tipologias, de Jung , por exemplo, são abordagens diferentes, mas com essa nove tipologias do eneagrama conseguimos identificar todas as pessoas.
Ao final da palestra, Bastos abriu um espaço para fazermos perguntas e foi bem interessante, várias pessoas se manifestaram, fazendo perguntas que tinham relação com o tema da palestra. Em conclusão, a mensagem que se destacou foi que entre tantas personalidades diferentes, o importante é saber que são essas diferenças que nos identificam, devemos valorizá-las e não tentar afastá-las.
Desta maneira, podemos valorizar as diferenças de cada um, enxergando todos como seres singulares que cada um de nós somos. As diferenças nos compõem. Através da percepção sobre nós mesmos, pelo eneagrama e pelo exercício diário de estar conectado com nós mesmos, podemos buscar o melhor em nós, ajudando o outro também a se perceber e perceber também o melhor nele mesmo.

Palavras-chave: Teorias da personalidade. Eneagrama. Percepção de mundo.

Metodologia  pedagógica utilizada pelo palestrante/oficineiro: A metodologia utilizada pelo palestrante foi exposição de conteúdo e diálogo. O palestrante utilizou vários esquemas visuais para transmitir o conteúdo sobre enegrama. Optar pela visualidade, facilitou aprendizagem do conteúdo, pois, a cada exemplo ficava mais clara a diferença entre os tipos de personalidade. Ele nos deixou inteiramente livres para dialogar, mas não houveram muitos apontamentos, porém, surgiram várias perguntas ao fim da palestra e ele nos repondeu todas com muita atenção.


Recursos utilizados: O palestrante utilizou como recurso a apresentação de slides, com imagens e esquemas para compreendermos sobre os tipos de personalidade.

A aplicabilidade do conteúdo da palestra, em sala de aula, pode ser feita a partir da percepção dos sentimentos e particularidades de cada aluno. Como o próprio Ailton Bastos citou, uma das melhores formas de lidar com os sentimentos é através da arte. Ela pode comunicar a dor, ajudando a lidar com a mesma. Uma atividade que abordasse esse tipo de percepção, através de representações artísticas (desenho, música, poema, teatro, dança, etc.), seria significativo na vida dos alunos, além de colaborar para a percepção das diferenças de cada um, valorizando e percebendo que todos somos diferentes, temos que valorizar essas diferenças.