The Rape of Proserpina,
1621
Gian Lorenzo Bernini
(Galleria Borghese, Roma)
O rapto de Prosérpina foi a primeira obra mitológica esculpida por
Bernini. À pedido do cardeal e mecenas Scipione Borghese, Bernini produziu essa
obra, aos 24 anos (há controvérsias de que ele a esculpiu aos 23 anos, mesma
idade de Michelangelo quando esculpiu a Pietá).
Se fosse necessário descrever esta obra em 3 palavras, seriam estas as
escolhidas: EXPRESSÃO, DRAMATICIDADE E MOVIMENTO. Peculiaridades do estilo
Barroco, que Bernini soube trabalhar como nenhum outro. Gombrich diz que as
figuras de Bernini parecem respirar, concordo totalmente. Suas obras possuem
uma vivacidade surpreendente, tanto pelas expressões faciais, quanto pelos
tecidos que envolvem as personagens, parece tudo muito tangível. Como se a
Prosérpina estivesse conseguindo escapar de Plutão, que tenta raptá-la, como se
ouvíssemos o resmungo de Plutão pelo empurrão que Prosérpina dá em seu rosto e
ainda por cima escutássemos os gritos de socorro da indefesa Prosérpina.
A obra conta o mito do rapto de Prosérpina da maneira mais teatral,
aliás, as obras barrocas têm essa tendência dramática, e Bernini a executa com
destreza, combinando-a com a fidelidade dos traços humanos, dos dedos ao
semblante das personagens, envolvendo-nos na cena apresentada. Se por fotos já
ficamos impressionados, imagina só ver isso de perto, aquela história de
“perder o ar” se concretizaria.
Dentre tantas maravilhosas obras, escolhi esta, pois, mesmo antes de
saber que existia um mito sendo contado por trás da obra, imaginava uma
história parecida. Ou seja, mesmo não conhecendo, a gente previamente entende,
porque é sincero e tão verdadeiro que comove. Fora isso... Amei a maneira como
a obra foi disposta, todas as curvas, a pele tão viva e as expressões tão
enérgicas dão movimento ao conjunto, fazendo um convite a nos envolver,
percebendo cada elemento tácito presente, que ajuda a contar esse mito.
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