The Milkmaid
Rijksmuseum, Amsterdam, Netherlands
Painting, Oil on canvas, 46 x 41 cm
Escolhi o Vermeer, para um breve comentário, porque
as obras dele me passam uma sensação tão deliciosa de intimidade e
concentração, e uma apreciação enorme no que diz respeito aos traços do pintor,
que o Rembrandt ficou para uma próxima...
Gosto muito das pinturas
de gênero, que representam o cotidiano e a vida das pessoas, e como o Gombrich
cita, “Com Vermeer, a pintura de “genre” perdeu o último vestígio de ilustração
bem humorada”, eu acho isso fantástico. Os artistas que eu mais admiro são
aqueles que de alguma forma, mudaram algo na arte, fizeram algo diferente,
inovaram, colocaram a sua impressão de mundo extremamente peculiar em suas
obras ou foram um tanto quanto visionários.
Sobre a obra... Fiquei
entre a “the milkmaid” e a “the lacemaker”, mas escolhi A Leitera pela
composição do cenário, é magnífico. Se tem um rapaz nessa história da arte que
soube fazer algo simples se tornar indubitavelmente belo, foi o Vermeer.
Meticuloso e de uma sensibilidade incrível, que sai de seus pincéis e
atravessam nossos olhos mirando diretamente o coração... Isso explana um pouco
da sensação deliciosa citada à cima.
Acho muito legal esse
exercício de fazer leituras de obras, mesmo que sejam pessoais, porque com o
tempo vim percebendo que quanto mais você faz esse exercício, mais “sensível”
você fica pra perceber outras obras. Mesmo que na maioria das vezes seja
difícil explicar o porquê da escolha, e mais ainda tentar traduzir algum
sentimento que ela desperta em você de um jeito entendível às outras pessoas.
No entanto, penso que essa seja a parte mais instigante, motivadora e
enigmática, é como se a gente tentasse desvendar uma verdade (que já está
dentro de nós) para nós mesmos, e assim, vamos crescendo mais “de fora pra
dentro”, se é que você me entende...
De verdade? Não consigo
não gostar de algum estilo artístico. Eu fico boba e me encanto sobre como as
coisas foram ocorrendo, se modificando, se contradizendo e se reinventando. Uma
vez ouvi “a arte é o que existe de mais humano no homem” pasmei, é a mais pura
realidade dessa vida!
Termino com uma citação
do Gombrich, pois não achei palavras melhores para tentar descrever “o milagre
de Vermeer”: “Uma de suas características milagrosas talvez possa ser descrita,
embora dificilmente explicada. É o modo pelo qual Vermeer consegue a completa e
laboriosa precisão na reprodução de texturas, cores e formas, sem que o quadro
tenha jamais o aspecto de elaborado ou rude.”.
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