segunda-feira, 29 de junho de 2015

Ballet Romântico x Artes Visuais





 Primeiramente... A relação existente entre o ballet romântico e o romantismo nas artes visuais, pode ser enxergada quando reparamos num cenário de ballet romântico. O clima misterioso do 2º ato (mundo espiritual), parece mais um quadro de algum pintor romântico, como por exemplo Caspar David Friedrich e suas paisagens alemãs. 

  Com o ballet romântico, ouve uma metamorfose estética das bailarinas. Verificamos isto, diferenciando a La fille mal gardée e a La Sylphide, onde na segunda peça, as bailarinas são pálidas, magérrimas, ao contrário da primeira, onde parecem mais “comuns” à nós. Essa mudança foi provocada a princípio, pela busca da emoção que os bailarinos românticos tencionavam. A fragilidade da pequena bailarina, contrastava com as tragédias das histórias e a imensidão da natureza selvagem. 

O ballet de ação


     De ballet da corte, o estilo de dança foi desenvolvendo a técnica e consequentemente os espetáculos, até surgir um movimento inovador que veio a influenciar todo o ballet posterior. A narrativa na dança, criada por Jean-Georges Novérre, principal nome da “reforma no ballet”, deu ao ballet um novo estilo: o ballet de ação. Antes de Novérre, as peças tinham mímicas, mas não uma ação completa, foi ele então quem introduziu a narrativa envolta por pantomimas no ballet. Os propósitos difundidos por Novérre, em sua famosa Letters sur la Danse, são válidos até os dias atuais, sendo a sua ideia central, manifestar ideias e paixões através dos movimento. Após a idealização desta nova forma de dança, Novérre abriu espaço para a pantomima no ballet, aproximando-o do teatro, onde há uma coreografia embasada numa história. Tal evento trouxe a dança, de vez por todas, para dentro dos teatros. 


     O ballet La Fille Mal Gardée, criado por Daubervaul, passado em sala pela professora, como vimos, é um exemplo de ballet de ação, em que a todo o momento os bailarinos nos demonstram o que está acontecendo na história dramática, ou seja, a narrativa nos vai sendo apresentada através da dança-ação, e vamos interpretando os movimento, como se estivéssemos vendo uma peça de teatro dançada.

     Penso que Novérre aproximou o ballet do público, cativando e emocionando, atravessando a limitação mecânica das técnicas (que não podem ser deixadas de lado, é claro) dando um novo sentido. Ele revolucionou, deixando seu nome para a posterioridade, e suas ideias que perduram até os dias de hoje.

Introdução.: Digital Art (segundo bim.)

     Optei por trabalhar com um artista digital, justamente pelo fato de o conteúdo central ser a Arte Digital. Para construir a identidade visual do trabalho, então, me inspirei nas obras de Vera Molnár, uma das pioneiras da Arte Digital. Na capa, sumário e introdução, utilizei a obra “25 Carrés” (1990/91), manipulando-a para a composição das páginas. Já no livro, marcador e cartaz da disciplina, “Gothique” (1990), foi a obra designada como parâmetro para a construção visual de cada criação digital.

     Dentre tantos artistas, escolhi a Molnár por afinidade. Em grande parte de suas obras, a artista trabalha com formas geométricas, prevalecendo nestas o uso de quadrados e retângulos, construindo obras encantadoras, como “Estruturas quadradas” (1989), cheias de movimento e aglomerado de cores que agradam o olhar de quem as observa.

     Na criação do encarte de CD, adotei duas obras da fotógrafa Francesca Woodman. A banda fictícia se chama “ALAR”, de dar asas e elevar. Pensei primeiro na artista e depois no nome da banda, secundariamente, idealizei como seria o estilo: instrumental, com uns vocais distorcidos, como num vulto da Woodman, numa produção musical Lo-Fi, um tanto eletrônica, bem caseira, e, profundamente tocante; Algo que faça o ouvinte ALAR! Os nomes das músicas fictícias foram pensados a partir de uma “ordem de devaneio”, para o ouvinte tresloucar dançando, como numa dança macabra dos tempos medievais.


     Já na criação da colagem digital, além da Woodman, me inspirei num trecho de um poema da Sylvia Plath, chamado Espelho: “Não faço pré-julgamentos. /O que vejo engulo de imediato/Tal como é, sem me embaçar de amor ou desgosto. /Não sou cruel, simplesmente verídico /O olho de um pequeno deus, de quatro cantos. /Reflito todo o tempo sobre a parede em frente. /É rosa, manchada. Fitei-a tanto/Que a sinto parte do meu coração. Mas cede.” As obras dessas duas grandes mentes suicidas entrelaçam-se de maneira sublime, como se a Woodman capta-se fotograficamente os poemas de Plath, ou vice-versa. Tão belo, e tão romântico, onde a beleza é oriunda da tristeza que emociona e encanta. 

Pop Art

   A Pop Art surgiu na Inglaterra em meados dos anos 50, mas é bem no começo da década de 60, que ela não somente surge nos EUA, mas é reconhecida como movimento. O ano de 1962, foi de suma importância na “vida” dessa arte, foi o ano em que ocorreram as primeiras exposições dos artistas considerados notáveis neste movimento. Foi nesse meio que surgiu: Roy Lichtenstein e seus cartoons, Andy Warhol e as reproduções em silkscreen e o escultor Claes Oldenburg.

   É válido ressaltar, que a Pop Art não foi recebida de braços abertos por todos e que o intuito dos artistas com as obras Pop, em geral, não eram os mesmos. Não é a toa que Stephen Farthing cita em seu livro Tudo Sobre Arte que “A pop arte nunca foi um movimento coerente. Cada artista tinha seu projeto e suas trajetórias.”. Na Inglaterra, berço da Pop Art, por exemplo, os artistas demonstraram certo encantamento pelo american way life, mas não podemos ignorar o período pós-guerra pelo qual perpassavam, pois, estavam olhando para o futuro com certo otimismo do reerguimento norte-americano.

   Quando falamos em Pop Art a primeira coisa que vem à cabeça das pessoas, geralmente, são os quadrinhos, as celebridades da época, colagens, repetições e produtos, muitos produtos. Essa arte abre um leque gigante no que diz respeito aos seus conteúdos, mas se une como um todo nas suas características visuais, ou seja, a estética. Os artistas usavam materiais distintos -como a tinta acrílica, poliéster, látex- as cores eram fortes, e as técnicas variadas, indo de colagens à serigrafia. A Arte Pop é considerada uma arte irônica, que “brinca” com os produtos de massa e o consumismo da sociedade.                                                                                                   

   Enquanto de um lado, existiam artistas pop que faziam obras passíveis de serem interpretadas como criticas à moderna sociedade de consumo, de outro, haviam artistas interessados mesmo em contrapor a distinção artificial dos críticos entre cultura “de elite” e cultura “de massas” e a sofisticação elitista do “bom gosto” tradicional.

   Entretanto, houve um artista, Andy Warhol, um tanto quanto peculiar, que merece nosso destaque. Não tem como falar em Pop Art, sem citar este artista provocante e apreciador da fama. “Warhol, em contraste, procurou eliminar de sua obra os valores artísticos tradicionais. Em seu estúdio de Nova York, provocativamente batizado de “A Fábrica”, ele se propôs a produzir imagens por meio de processos impessoais, proclamando que elas não tinham nenhum valor, salvo o monetário no inflacionado mercado da arte” dizendo ainda que aprendera “a ver a arte comercial como verdadeira arte e a verdadeira arte como arte comercial.”.                     

   A obra à direita pertence ao Warhol (1964), quis trazê-la, pois, embora não retrate a Pop Art por completo, representa um dos seus aspectos mais singulares: o produto como arte.                                               

Conceitual Art

     A Arte Conceitual emergiu na década de 60 na Europa e nos EUA, é uma das vanguardas, surgida em meio a outras várias manifestações artísticas contemporâneas. Falar de Arte Conceitual não é nada fácil, pode ser confusa e difícil de entender, exatamente por se tratar de um conceito. Os artistas conceituais buscaram “conceitualizar” a arte, literalmente, ou seja, nas mãos dos conceituais, a arte deixa de ser meramente visual, para tornar-se um conceito, a ideia e o fator predominante da obra, são mais importantes do que a técnica, material ou o acabamento.
  
   Os ready-mades de Marcel Duchamp, considerado o precursor da Arte Conceitual, tiveram influencia direta neste estilo. Farthing (2011) discorre um pouco sobre as raízes da Arte Conceitual, que em sua visão, remontam ao Dadaísmo: “Ao levar um urinol produzido em massa para um museu, Duchamp sugeria aos espectadores que refletissem sobre suas ideias preconcebidas a respeito do que era arte e sobre como os museus atestavam a autenticidade das obras de arte”. Mas é a Sol LeWitt, que é atribuído o uso do termo “Arte Conceitual” pela primeira vez, em 1967, no seu artigo “Parágrafos sobre a Arte Conceitual”.


   Nas obras conceituais, tem-se a produção artística como algo secundário, o que importa na verdade, não é o material em si, e sim, o conceito que se deseja passar através dele, o conceito que é elaborado antes de sua materialização, é colocado em primeiro plano. A arte conceitual, também era uma reação à arte considerada mercadoria, Piero Manzoni produziu obras conceituais provocativas, questionando a natureza da arte, criticando a produção de massa e o consumismo.

   Joseph Kosuth é um artista ativo até os dias de hoje, que usa, também, a linguagem escrita para expressar suas mensagens em obras; como em 1965, quando criou uma das mais icônicas obras conceituais “Uma e três cadeiras” onde “Ele pede que o espectador analise como a arte e a cultura são forjadas por meio da linguagem e dos significados, e não por meio da beleza e do estilo”. Sensacional!

   Já foi dito que as artes contemporâneas “conversam entre si”, e na Conceitual, não poderia ser diferente, ela combina diversas linguagens, por vezes, até ao mesmo tempo; como “happening, performance, land art, body art, vídeo, e a própria linguagem verbal oral ou escrita, sendo muitas obras conceituais constituídas somente do texto linguístico.”


   A Arte Conceitual continua sendo uma das mais curiosas formas de arte na contemporaneidade, pelo menos para mim, é incrível... Os artistas nessa loucura em busca de inovação chegaram a desmaterializar a arte. O “produto final” se realiza em cada pessoa, através da interiorização de cada um, da significação íntima do que aquele simples objeto/coisa é capaz de passar para cada indivíduo, como se o artista entregasse a arte nas mãos do público, que para entender, precisa também, doar-se a obra. 

Body Art

   No final da década de 60, houve o reconhecimento da capacidade de comunicação do corpo humano, pelo seu significado e expressividade. Originada na premissa de Duchamp de que “tudo pode ser usado como uma obra arte”, os body artists, então, utilizam o corpo como veículo da arte. A Body Art apropria-se do corpo como suporte, meio de expressão, e intervenções de modo geral, para criação artística, e esse corpo, é encarado enquanto matéria (sangue, suor, química e física do corpo), é o material com o qual os artistas fazem o seu trabalho; tido como uma área vasta de possibilidades para criações.

   Como tipos de Body Art, podemos mencionar: escarificações, suspensão do corpo, tatuagens, maquiagens, implantes, piercing, deformações, ferimentos e pinturas corporais. As manifestações desse tipo de arte podem assumir caráter de rituais, apresentações públicas, ligando-se à Performance e também ao Happening. Essas manifestações podem ser associadas à violência, à dor e ao esforço físico; os body artists desafiam os limites do corpo, objetivando chocar o espectador e provocar fortes emoções! Seus registros são feitos através de documentações, vídeos e fotografias.

   Há de se tomar certo cuidado ao definirmos Body Art, muitos, confundem-na com a body modification, quando na verdade existe um ponto fulcral em que essas duas modalidades se diferem: a body modification não é arte, é a modificação do corpo, que não possui intenção artística e a Body Art não é só a modificação do corpo, exige pesquisa, análise. “A Body Art pode acontecer sem estar ligada com a modificação do corpo e a modificação corporal não está sempre inclusa em um contexto artístico”.
   Renato Cohen, pesquisador brasileiro, concebe a Body Art como o movimento em que: “O artista é sujeito e objeto de sua arte (ao invés de pintar, de esculpir algo, ele mesmo se coloca enquanto escultura viva)”.  Yves Klein, já citado quando falamos sobre Performance e Happening, é considerado um dos precursores da Arte do Corpo. Yves utilizava o corpo de modelos como um pincel, arrastando-os para imprimir representações em grandes telas. Era sua maneira de explorar o corpo de forma artística, de modo teatral, unindo a arte corporal e a performática.


Marina Abramovic é uma performer que também trabalha com o corpo como forma de arte. Por outro lado, temos Carolee Schneemann (foto à esquerda), que por meio de sua arte, trata de temas relacionados à sexualidade e gênero.

Land Art

   No fim da década de 60, a Land Art (termo cunhado por Robert Smithson), conhecida também como Earth Art, surgiu como uma entre várias tendências artísticas na busca por novos materiais, temas e lugares para a prática e a exibição artística. Na Land Arte, paisagem e obra de arte são indissociáveis, recriando e remodelando a natureza.

   Para a construção de suas efêmeras obras, os land artists utilizam da própria natureza, suas matérias naturais e orgânicas (rocha, solo, pedras, galhos, ramos, folhas) e água com materiais introduzidos (concreto, metal, asfalto). As esculturas não são inseridas na natureza, mas sim, produzidas a partir dela, a paisagem é o meio de sua criação. Elas existem a céu aberto, configurando-se em escalas monumentais, localizadas, geralmente, longe da civilização.

   O artista não tem absoluto controle sobre a sua arte, uma vez que, sofrem alterações pelas condições naturais (consideradas materiais). Então a obra se modifica? Sim, isso mesmo. E os artistas não veem isso como algo ruim, muito pelo contrário, são apreciadores da capacidade de metamorfose natural, afirmam ainda, que a obra só se vê completa depois de sua autodestruição.
A Land Art tem a simplicidade do Minimalismo, afinidade com a Arte Conceitual e coloca em pauta questões ecológicas, sendo totalmente oposta a comercialização da arte. As obras são da natureza, para a natureza, colocando fora de cogitação a exposição em museus e galerias, a não ser por meio de fotografias ou vídeos, que “eternizam sua evolução e decomposição”. 



A fotografia acima é de uma obra de Andy Goldsworthy, “O muro de Storm King” (1997-1998), um dos nomes referenciais da Land Art, junto a Robert Smithson, Nancy Holt, Richard Serra e a dupla que “empacota” tudo, Christo e Jeanne-Claude.

Casas Sustentáveis

Primeiramente, aqui vai uma breve descrição sobre o que seriam essas casas sustentáveis: 
As casas sustentáveis são aquelas projetadas e construídas de maneira a respeitar o meio ambiente, seguindo os princípios da sustentabilidade ambiental e garantindo o bem-estar dos moradores”.

Nos dias de hoje, a madeira já não é o material mais utilizado e procurado para construções de casas, embora tenha sido demasiado utilizado antigamente, e quando digo antigamente não refiro-me à 30 anos atrás. As civilizações primitivas quer seja no ocidente ou oriente, já dispunham de tal material desde muito cedo, quando ainda não dominavam as técnicas do metal ou do betão armado, que vieram a calhar depois da revolução industrial. 


Dentre as características de uma casa sustentável, estão: 1.O uso de madeiras legalizadas (lembrando que no Brasil, devido a uma lei, as madeiras não são mais permitidas em construções cívicas).  2. A durabilidade dessas construções, tendo como exemplo o templo Kiyomizudera (em Kyoto, Japão) que é uma construção milenar, de madeira. 3. Segurança, em contraponto com o metal, a madeira não oxida, hoje, a madeira pode ser tratada com enorme tecnologia. 4. Normalmente, mas não são todas, as casas possuem sistema de aquecimento solar. São econômicas, tanto no orçamento da construção (que varia de construção para construção), quanto na utilização depois de construída, pois visam aproveitar ao máximo a luz solar, diminuindo assim, sua conta de luz. 5. Sempre que possível, usufruem de materiais recicláveis nessas construções. 6. Sistema de captação de águas de chuva para o uso interno. 7. Evitam o desperdício de materiais. 8. Possuem um projeto de construção que não causam danos ao meio ambiente. 9. Áreas verdes, ou seja, plantio de flores, árvores, hortas, jardins em geral, quando possível. 10. Rapidez: uma casa de madeira pode ser construída em duas semanas. 11. A madeira na construção, dá à casa um “ar rústico”. Essa última característica pode ser considerada um tanto particular, porque eu acho um charme e sou encantada por esse caráter “naturale” (natural em italiano) e retrô.

 1.º  ano de Artes Visuais.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

O homem e a leitura.

   

   Grammont admite a leitura como o "libertar do homem". É nesse aspecto em que baseio minha posição sobre o tema proposto.    

   O incentivo à leitura é crucial, no que diz respeito ao intelecto do homem, e também, à sua humanidade. Porque a literatura é justamente o reflexo do pensamento humano, construído ao longo dos tempos. E se a literatura é o reflexo da sociedade, estar em contato com ela, para a formação individual de cada um, torna-se primordial. Principalmente, quando colocamo-nos no contexto em que estamos inseridos, onde a leitura é “vista como atividade praticada apenas por intelectuais”, ou seja, restrita à uma àrea ou denominados indivíduos.

Fazendo uma correlação do tema posto em voga com a charge apresentada:    

   A leitura tem valor magnificente na vida do ser humano, no tocante ao seu poder de mudança. Essa mudança, ou seja, a mutação que ela concede ao homem, não é meramente estética, e sim, sublime, pois, mobiliza o sujeito leitor à novos pensamentos, experiências e posições diante de múltiplas situações, podendo então (e na maioria o fazendo), modificar a sua vivência, opinião e consequentemente, seu comportamento enquanto indivíduo e ser pensante.