Yves de la Taille, após ser
interrogado sobre a indisciplina e as incivilidades na escola, pela
entrevistadora, responde com uma outra pergunta “mas não têm aumentado na
sociedade como um todo, essas incivilidades?”. Após isto, o professor infere
que a escola é mais um “reflexo da sociedade”. É um ótimo ponto de partida para
pensarmos sobre as incivilidades. Mas antes, precisamos compreender o que
significa este termo que vêm permeando o campo educacional e, com afirma La
Taille, a sociedade como um todo.
Trazendo dados de pesquisas
feitas nos últimos 5 anos, a segunda entrevistada, Telma Vinha, alega que as
violências regidas por código penal, as “violências duras”, não têm aumentado
na escola. O que tem aumentado são as incivilidades, que são entendidas pela
também professora como “micro violências”. As micro violências, nas palavras de
Vinha, são “situações cotidianas de desrespeito”. Como exemplo, podemos nos
referir ao andar pela classe na hora da aula, ignorar o professor, jogar joguinhos
durante apresentações de trabalho ou chegar atrasado constantemente às aulas.
Conforme Vinha nos fala,
essas pequenas incivilidades quando adquirem certa frequência e intensidade,
acabam por transformar o ambiente em um caos. Promovendo, assim, o desgaste dos
professores, que são ignorados, e passam por situações de desrespeito. A
entrevistada nos aponta, ainda, que essas pequenas incivilidades “não ferem o
código penal, mas [...] uma conduta socialmente desejável.”, o que, por
consequência acaba afetando a qualidade das relações dentro da escola.
Em seguida, a professora
diferencia a indisciplina da incivilidade, dizendo que enquanto a incivilidade
fere a conduta desejável, a indisciplina diz respeito à “ruptura do contrato
social da aprendizagem”. Finalizando sua fala, Telma Vinha diz que a encarar as
incivilidades como “brincadeira da idade” permite que o desrespeito corra
cotidianamente, promovendo, assim, a ideia de que o respeito não é para todos
os seres humanos, mas restrito a alguns.
REFERÊNCIAS
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